Ah! Socorro!
"Esposa de Felipe Massa, Raffaela agradeceu aos fãs do piloto brasileiro pelas mensagens de apoio após o grave acidente nos treinos para o Grande Prêmio da Hungria, no último sábado. Para ela, que está grávida de seis meses, Felipe teve muita sorte em escapar da morte após ter sido atingido na cabeça por uma mola do carro de Rubens Barrichello.- Graças a Deus, o Felipe saiu dessa. Foi ele quem salvou a vida do Felipe - disse Raffaela, muito emocionada, à TV Globo".
Deus não quis salvar Harry Surtess, que morreu semana passada, atingido por um pneu em uma prova de F2 na Inglaterra.
Deus também não quis salvar Ayrton Senna, Elio de Angelis, Greg Moore, Roland Ratzenberger, Tom Pryce, Francois Cevert, Ronnie Petterson, Jochen Rindt, Piers Courage, Gilles Villeneuve, Ricardo Paletti, etc etc etc.
Nesses dias estava de mau humor.
O mais legal! Não vi declaração da família ou de outras pessoas, sobre o pronto atendimento da equipe de resgate, dos cuidados tomados, dos médicos na pista e no hospital. Nenhum desses profissionais teve participação, apenas Deus.
segunda-feira, 27 de julho de 2009
sábado, 18 de julho de 2009
O Cão Negro do Passeio Público
Saiu na revista, agora posso publicar no blog.
O cão negro do Passeio Público - O caso ocorrido com o analista de informática Fernando Zanardini até hoje o oprime de tal forma que ele impôs uma condição para abordá-lo: nada de entrevista. Ele se comprometeu a contar a história, e o fez por escrito. Vamos a ela:
“Aconteceu em 1984, no dia 29 de fevereiro. Noite de calor insuportável. As aulas na faculdade ainda não haviam reiniciado e as noites eram dedicadas ao que melhor sabíamos fazer, beber. Antes de sair, nos reuníamos em meu apartamento, num velho prédio atrás da Universidade Federal do Paraná, entre as ruas Presidente Faria e Alfredo Bufrem. Juarez, palmeirense fanático e aniversariante da noite, foi a primeiro a chegar. Entrou e ligou o rádio para escutar o jogo entre o Operário-MS e seu glorioso time. Em seguida chegou Ivan, com cara de poucos amigos. Havia sido demitido, segundo ele, por um motivo banal. Contou, depois, que tinha dado uns safanões numa velhota que o havia chamado de ‘Herman, o Monstro’. Ele era realmente parecido - só faltavam os parafusos no pescoço.
Tirei os dois de casa pelas 22 horas. Juarez, o aniversariante, escolheu um bar na Rua Riachuelo, próximo ao colégio Tiradentes. Queria ver as meninas saindo. Chegou a primeira cerveja e, com ela, um desses personagens típicos das cidades. Daqueles que vagueiam pelas ruas centrais vestindo trapos e com a barba grande e negligenciada. Ao contrário dos outros pedintes, essas pessoas geralmente não incomodam ninguém, e estão apenas buscando sobreviver do lixo ou da caridade alheia.
Com ar melancólico, pediu dinheiro. Oferecemos um copo de cerveja, que ele aceitou. Sem pedir licença, foi sentando. E contou sua história, marcada pela tragédia e pela loucura. Disse que tinha 46 anos (aparentava bem mais), e que havia sido funcionário graduado de uma grande empresa. As muitas horas de trabalho o fizeram perder a cabeça. Entrou em depressão, deixou a família e virou vagabundo. Desde então, vagueia por Curitiba com lembranças e um carrinho de compras. Pediu mais cerveja e tirou do bolso uma fotografia, desatando a chorar.
Eu estava cansado e já havia ouvido muitas histórias semelhantes. Levantei e disse que iria dar uma volta antes de retornar ao apartamento. Os dois que ouvissem as histórias do pobre coitado. ‘- Cuidado por onde anda’, ele disparou.
Quase meia-noite. Subi a Riachuelo e desci a Carlos Cavalcanti rumo ao Passeio Público. Estava na frente do portão de entrada. Ouvi alguém me chamar. Olhei para trás, não havia ninguém. A voz, feminina, vinha do parque. Procurei alguma coisa na escuridão, mas nada. Só a voz. Minha respiração acelerou. Outro chamado. Acelerei o passo, a voz foi atrás. ‘Devem ser aqueles putos que saíram do bar e encontraram alguém para me pregar uma peça’, pensei.
Decidii entrar no jogo. Pulei o muro e tentei seguir a voz. Cheguei à área dos pássaros. Silêncio. Outro som, de um cão rosnando. Fechei os olhos, enguli a saliva. Outra vez o rosnado, mais alto e aterrador. ‘- What the hell!?’ O ruído nascia de um pequeno cão negro. Um poodle toy assassino, a não mais de cinco passos, mostrando enormes caninos brancos e olhos injetados de sangue. Uma baba espessa e escura caía-lhe da boca. Uma névoa amarelada pairava ao seu redor. Voou em minha direção. Só tive tempo de pular o gradil que cerca os viveiros e arrombar um deles, onde me tranquei. Por um instante, silêncio. Só até sentir aqueles dentes tentando romper a tela de arame com um barulho horrível.
‘- Pare! Saia daqui!’, gritei, enquanto tirava o cinto e batia com a fivela, tentando fazer a fera parar. Em instantes, tudo ficou quieto. A tela tinha um buraco, e algo se movia ao meu redor. Ao meu lado, o anão canino estava pronto para atacar. Sem chance de fuga. Fui mordido e puxado para baixo. Dor e sangue. Sem largar minha perna, o maldito cão arrastou-me para fora, rumo ao lago. Sua força era assombrosa. Eu tentava me agarrar a qualquer coisa, e minhas mãos começaram a sangrar. Desmaiei.
Pela manhã, fui acordado por um funcionário que, histérico, me acusava de ter soltado os pássaros. Levou-me a até a administração. Contei minha história ao sujeito, que não acreditou. Fui preso. No final da tarde, Juarez, Ivan e um advogado foram me soltar. Respondi a um processo por invasão e depredação de patrimônio público. Na audiência, a bem da verdade, sequer tentei me defender – afinal, quem iria acreditar naquela história? A pequena cicatriz no tornozelo e a tremenda mácula no coração (além, é claro, de um ódio insano por poodles toy), porém, dão-me a certeza de minha própria sanidade – e da condição insólita da realidade."
O cão negro do Passeio Público - O caso ocorrido com o analista de informática Fernando Zanardini até hoje o oprime de tal forma que ele impôs uma condição para abordá-lo: nada de entrevista. Ele se comprometeu a contar a história, e o fez por escrito. Vamos a ela:
“Aconteceu em 1984, no dia 29 de fevereiro. Noite de calor insuportável. As aulas na faculdade ainda não haviam reiniciado e as noites eram dedicadas ao que melhor sabíamos fazer, beber. Antes de sair, nos reuníamos em meu apartamento, num velho prédio atrás da Universidade Federal do Paraná, entre as ruas Presidente Faria e Alfredo Bufrem. Juarez, palmeirense fanático e aniversariante da noite, foi a primeiro a chegar. Entrou e ligou o rádio para escutar o jogo entre o Operário-MS e seu glorioso time. Em seguida chegou Ivan, com cara de poucos amigos. Havia sido demitido, segundo ele, por um motivo banal. Contou, depois, que tinha dado uns safanões numa velhota que o havia chamado de ‘Herman, o Monstro’. Ele era realmente parecido - só faltavam os parafusos no pescoço.
Tirei os dois de casa pelas 22 horas. Juarez, o aniversariante, escolheu um bar na Rua Riachuelo, próximo ao colégio Tiradentes. Queria ver as meninas saindo. Chegou a primeira cerveja e, com ela, um desses personagens típicos das cidades. Daqueles que vagueiam pelas ruas centrais vestindo trapos e com a barba grande e negligenciada. Ao contrário dos outros pedintes, essas pessoas geralmente não incomodam ninguém, e estão apenas buscando sobreviver do lixo ou da caridade alheia.
Com ar melancólico, pediu dinheiro. Oferecemos um copo de cerveja, que ele aceitou. Sem pedir licença, foi sentando. E contou sua história, marcada pela tragédia e pela loucura. Disse que tinha 46 anos (aparentava bem mais), e que havia sido funcionário graduado de uma grande empresa. As muitas horas de trabalho o fizeram perder a cabeça. Entrou em depressão, deixou a família e virou vagabundo. Desde então, vagueia por Curitiba com lembranças e um carrinho de compras. Pediu mais cerveja e tirou do bolso uma fotografia, desatando a chorar.
Eu estava cansado e já havia ouvido muitas histórias semelhantes. Levantei e disse que iria dar uma volta antes de retornar ao apartamento. Os dois que ouvissem as histórias do pobre coitado. ‘- Cuidado por onde anda’, ele disparou.
Quase meia-noite. Subi a Riachuelo e desci a Carlos Cavalcanti rumo ao Passeio Público. Estava na frente do portão de entrada. Ouvi alguém me chamar. Olhei para trás, não havia ninguém. A voz, feminina, vinha do parque. Procurei alguma coisa na escuridão, mas nada. Só a voz. Minha respiração acelerou. Outro chamado. Acelerei o passo, a voz foi atrás. ‘Devem ser aqueles putos que saíram do bar e encontraram alguém para me pregar uma peça’, pensei.
Decidii entrar no jogo. Pulei o muro e tentei seguir a voz. Cheguei à área dos pássaros. Silêncio. Outro som, de um cão rosnando. Fechei os olhos, enguli a saliva. Outra vez o rosnado, mais alto e aterrador. ‘- What the hell!?’ O ruído nascia de um pequeno cão negro. Um poodle toy assassino, a não mais de cinco passos, mostrando enormes caninos brancos e olhos injetados de sangue. Uma baba espessa e escura caía-lhe da boca. Uma névoa amarelada pairava ao seu redor. Voou em minha direção. Só tive tempo de pular o gradil que cerca os viveiros e arrombar um deles, onde me tranquei. Por um instante, silêncio. Só até sentir aqueles dentes tentando romper a tela de arame com um barulho horrível.
‘- Pare! Saia daqui!’, gritei, enquanto tirava o cinto e batia com a fivela, tentando fazer a fera parar. Em instantes, tudo ficou quieto. A tela tinha um buraco, e algo se movia ao meu redor. Ao meu lado, o anão canino estava pronto para atacar. Sem chance de fuga. Fui mordido e puxado para baixo. Dor e sangue. Sem largar minha perna, o maldito cão arrastou-me para fora, rumo ao lago. Sua força era assombrosa. Eu tentava me agarrar a qualquer coisa, e minhas mãos começaram a sangrar. Desmaiei.
Pela manhã, fui acordado por um funcionário que, histérico, me acusava de ter soltado os pássaros. Levou-me a até a administração. Contei minha história ao sujeito, que não acreditou. Fui preso. No final da tarde, Juarez, Ivan e um advogado foram me soltar. Respondi a um processo por invasão e depredação de patrimônio público. Na audiência, a bem da verdade, sequer tentei me defender – afinal, quem iria acreditar naquela história? A pequena cicatriz no tornozelo e a tremenda mácula no coração (além, é claro, de um ódio insano por poodles toy), porém, dão-me a certeza de minha própria sanidade – e da condição insólita da realidade."
quinta-feira, 9 de abril de 2009
Que merda
Ide e pregai o evangelho a todo mundo! Eles vão. Estão aqui. Encontrei com eles, os Testemunhas de Jeová. Que merda eles têm nas cabeças, eu não sei.
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Viva a inteligência
Somente ela produz explicações racionais, convincentes, apoiadas em raciocínios. Ela recusa toda ficção fabricada. Com ela evitam-se os mitos e as histórias para crianças. Não há paraíso depois da morte, não há alma salva ou condenada, não há Deus que sabe tudo e vê tudo. A inteligência impede todo o pensamento mágico e as baboseiras religiosas.
sábado, 14 de março de 2009
quinta-feira, 12 de março de 2009
quarta-feira, 11 de março de 2009
Frase do dia
DOS MILAGRES
O milagre não é dar vida ao corpo extinto,
Ou luz ao cego, ou eloqüência ao mudo...
Nem mudar água pura em vinho tinto...
Milagre é acreditarem nisso tudo!
Mario Quintana
O milagre não é dar vida ao corpo extinto,
Ou luz ao cego, ou eloqüência ao mudo...
Nem mudar água pura em vinho tinto...
Milagre é acreditarem nisso tudo!
Mario Quintana
terça-feira, 10 de março de 2009
Deus, um delírio
Para ler e rir. Richard Dawkins afirma categoricamente, os religiosos que lerem o meu livro ao final dele serão ateus. Trata=se de uma leitura leve e fácil, onde o já conhecido autor, desanca a religião em geral. Ele não esconde as intenções na sua guerra contra Deus. Vale a pena.
Uma passagem.
Jefferson* lançou o ridículo sobre a doutrina de que, nas palavras dele, "há três Deuses**", em sua crítica ao calvinismo. Mas é principalmente o ramo católico romano da cristandade que empurra o seu recorrente flerte com o politeísmo para a inflação descontrolada. A Trindade é(são) acrescidade de Maria, "Rainha do Céu", que só não é deusa no nome, mas que certamente coloca o próprio Deus em segundo lugar como alvo de preces. O panteão ainda é inchado por um exército de santos, cujo poder de intercessão faz com que eles sejam, se não semideuses, úteis em seus assuntos específicos. O Fórum da Comunidade Católica nos dá uma mão e lista 5120 santos, junto com as suas áres de especialidade, que incluem dores abdominais, vítimas de abusos, anorexia, vendedores de armas, ferreiros, fraturas de ossos, técnicos de explosivos e problemas intestinais, para ficar só no comecinho da lista. E não podemos esquecer dos Coros Angélicos, organizados em nove ordens: Serafins, Querubins, Tronos, Dominações, Virtudes, Potestades, Principados, Arcanjos e os Anjos simples, incluindo nossos melhores amigos, os sempre atentos Anjos da Guarda. O que me impressiona na mitologia católica é em parte seu kitsch de mau gosto, mas principalmente a tranquilidade com que essa gente vai criando os detalhes. É uma invenção descarada.
*O 3º Presidente dos Estados Unidos da América. Foi um dos autores da Declaração da Independência Americana, e uma fonte de muitas outras contribuições para a cultura americana
** Santisima Trindade
Uma passagem.
Jefferson* lançou o ridículo sobre a doutrina de que, nas palavras dele, "há três Deuses**", em sua crítica ao calvinismo. Mas é principalmente o ramo católico romano da cristandade que empurra o seu recorrente flerte com o politeísmo para a inflação descontrolada. A Trindade é(são) acrescidade de Maria, "Rainha do Céu", que só não é deusa no nome, mas que certamente coloca o próprio Deus em segundo lugar como alvo de preces. O panteão ainda é inchado por um exército de santos, cujo poder de intercessão faz com que eles sejam, se não semideuses, úteis em seus assuntos específicos. O Fórum da Comunidade Católica nos dá uma mão e lista 5120 santos, junto com as suas áres de especialidade, que incluem dores abdominais, vítimas de abusos, anorexia, vendedores de armas, ferreiros, fraturas de ossos, técnicos de explosivos e problemas intestinais, para ficar só no comecinho da lista. E não podemos esquecer dos Coros Angélicos, organizados em nove ordens: Serafins, Querubins, Tronos, Dominações, Virtudes, Potestades, Principados, Arcanjos e os Anjos simples, incluindo nossos melhores amigos, os sempre atentos Anjos da Guarda. O que me impressiona na mitologia católica é em parte seu kitsch de mau gosto, mas principalmente a tranquilidade com que essa gente vai criando os detalhes. É uma invenção descarada.
*O 3º Presidente dos Estados Unidos da América. Foi um dos autores da Declaração da Independência Americana, e uma fonte de muitas outras contribuições para a cultura americana
** Santisima Trindade
segunda-feira, 9 de março de 2009
Sobre os 10 anos de Requião
Vale a pena ler. Texto do Rogério Galindo, sobre os 10 anos de governo Requião. O nosso ditador deveria ter pego os dois envelopes e começado a escrever ainda no primeiro governo.
http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/blog/caixazero/?id=864914
http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/blog/caixazero/?id=864914
domingo, 8 de março de 2009
Dia Internacional das Mulheres
Não poderia deixar passar a data em branco. Fica aqui uma poesia de Lya Luft. Nada melhor que uma mulher para falar sobre elas, o que desejam, o que pensam. Pensei em vários poetas e escritores homens. Desisti da idéia. Cair na mesmice e, citar Arnaldo Jabor? Não! Ele está na minha lista dos dez mais que você pode usar para tornar-se um chato.
Canção das mulheres
Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.
Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.
Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.
Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.
Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.
Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.
Que o outro sinta quanto me doía idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida.
Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo ''Olha que estou tendo muita paciência com você!''
Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.
Que se eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.
Que o outro não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.
Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa - uma mulher.
Lya Luft
Canção das mulheres
Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.
Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.
Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.
Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.
Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.
Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.
Que o outro sinta quanto me doía idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida.
Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo ''Olha que estou tendo muita paciência com você!''
Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.
Que se eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.
Que o outro não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.
Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa - uma mulher.
Lya Luft
sexta-feira, 6 de março de 2009
Da série: Ateus graças a deus
A religião convenceu mesmo as pessoas de que existe um homem invisível — que mora no céu — que observa tudo o que você faz, a cada minuto de cada dia. E o homem invisível tem uma lista especial com dez coisas que ele não quer que você faça. E, se você fizer alguma dessas dez coisas, ele tem um lugar especial, cheio de fogo e fumaça, e de tortura e angústia, para onde vai mandá-lo, para que você sofra e queime e sufoque e grite e chore para todo o sempre, até o fim dos tempos... Mas Ele ama você!
George Carlin
George Carlin
quinta-feira, 5 de março de 2009
Oh! dor!
Um irmão apeado do Tribunal de Contas, outro processado por prevaricação e improbidade administrativa e a esposa ameaçada de perder o cargo público – estas foram as pesarosas notícias que o governador Roberto Requião recebeu ao longo de apenas uma semana. Se há coisa que lhe dói na alma é quando mexem com a família.
Celso Nascimento - Gazeta do Povo, 05/03/2009
Celso Nascimento - Gazeta do Povo, 05/03/2009
Arcebispo excomunga médicos e parentes de menina que fez aborto
Levantei, abri a geladeira e apanhei a garrafa de iogurte. Ainda com os olhos embaçados, dirigi-me ao computador. Acesso a Gazeta do Povo, vejo a manchete Arcebispo excomunga médicos e parentes de menina que fez aborto. Limpei os olhos, belisquei o meu braço, cliquei no relógio do windows para verificar a data. Eu ainda estava em 2009, não era o ano 67 dc, 1072 dc ou 1521 dc. Esse termo empregue dentro do cristianismo significa sair da comunhão. O sujeito não pode mais participar dela e de outros ritos. Os médicos e a família devem estar extremamente preocupados, não devem ter dormido a noite. Será que o arcebispo irá ordenar ainda que eles sejam queimados em praça pública? Não duvido.
terça-feira, 3 de março de 2009
segunda-feira, 2 de março de 2009
Frase do dia I
O mais feroz dos animais domésticos é o relógio de parede: conheço um que já devorou três gerações da minha família.
Mário Quintana
Mário Quintana
domingo, 1 de março de 2009
Memórias do Subsolo
Remordia-me então em segredo, dilacerava-me, rasgava-me e sugava-me, até que o amargor se transformasse, finalmente, em certa doçura vil, maldita e, depois, num prazer sério, decisivo! Sim, num prazer, num prazer! Insisto nisso. Se abordei o assunto, foi porque desejo insistentemente saber ao certo o seguinte: terão outras pessoas semelhantes prazeres? Vou explicar: o prazer provinha justamente da consciência demasiado viva que eu tinha da minha própria degradação; vinha da sensação que experimentava de ser chegado ao derradeiro limite; de sentir que, embora isso seja ruim, não pode ser de outro modo, de que não há outra saída; de que a pessoa nunca mais será diferente, pois, ainda que nos sobrasse tempo e fé para isto, certamente não teríamos vontade de fazê-lo e, mesmo se quiséssemos, nada faríamos neste sentido, mesmo porque em que nos transformaríamos?
Dostoiévski
Dostoiévski
Campanha francesa contra excesso de velocidade
Feita ano passado. Chocante! Enquanto aqui, o número de acidentes aumenta e as campanhas educativas são bastante tímidas...
sábado, 28 de fevereiro de 2009
Para ler
Missa Negra, de John Gray, filósofo e colunista do The Guardian e professor de Pensamento Europeu na London School of Economics.
Ele mostra como o pensamento político moderno se apropriou do que há de mais obscuro do pensamento religioso.
O autor não é adepto da filosofia do progresso. Muito pelo contrário, a rejeita, porque não acredita que possa haver qualquer progresso humano na moral e na ética, mesmo com os enormes avanços científicos e tecnológicos hoje disponíveis. Aliás, esse progresso científico e tecnológico não nos trouxe nenhuma garantia, porque os homens poderão utilizá-lo para fins de destruição. É um adeus as utopias.
Ele mostra como o pensamento político moderno se apropriou do que há de mais obscuro do pensamento religioso.
O autor não é adepto da filosofia do progresso. Muito pelo contrário, a rejeita, porque não acredita que possa haver qualquer progresso humano na moral e na ética, mesmo com os enormes avanços científicos e tecnológicos hoje disponíveis. Aliás, esse progresso científico e tecnológico não nos trouxe nenhuma garantia, porque os homens poderão utilizá-lo para fins de destruição. É um adeus as utopias.
Motorista, esse mal-educado e agora mal educado
Apenas seis quadras separam minha casa do local onde vou praticar nadação. Caminho todos os dias até lá. E todos os dias vejo as barbaridades que esse animal, o motorista é capaz de praticar. Hoje foi um dia bastante prolífico para observação. Dois carros parados em fila dupla, um estacionado em local proibido, outros dois em cima da faixa de pedestres. Por falar em pedestre, o pobre coitado tem que fazer malabarismos para atravessar uma rua, pois os educados motoristas não estão respeitando o yellow box. Ainda tem aquele sujeito que fica acelerando o carro ou a moto no semáforo para apressar a travessia. O que joga lixo na rua ou o que buzina insistentemente no cruzamento, mesmo sabendo que o trânsito está engarrafado.
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Dos Chatos
O maior chato é o chato perguntativo. Prefiro o chato discursivo ou narrativo, que se pode ouvir pensando noutra coisa.... Me lembro que fiz um soneto inteiro - bem certinho, bem clássico e tudo - durante o assalto ao Quartel do Sétimo, isto é, quando um veterano de 30 me contava mais uma vez a sua participação nas glórias e perigos daquela investida.
As velhotas que nos contam seus achaques também são de grande inspiração poética.
Mas que fazer contra a amabilidade agressiva do chato solicito? Aquele que insiste em pagar nossa passagem, nosso cafezinho, ou quer levar-nos à força para um drinque, ou faz questão fechada de nos emprestar um livro que não temos a mínima vontade de abrir...
Ah! ia-me esquecendo dos proseletistas de todas as religiões. Os proseletistas amadores, que são os piores. Quanto aos sacerdotes que conheço, registre-se em seu louvor que eles sempre nos falam de outras coisas. Ou, me julgam um caso perdido ou um caso garantido... Bem, qualquer que seja o caso, deixam-me em paz.
O que pode acontecer de mais chato no mundo é o chato que se chateia a si mesmo, o autochato.
Para essa extrema contingência, descobri em tempo que a última solução não é o suicídio. É escrever, desabafar para cima do leitor, o qual se me leu até aqui, a culpa é dele.
Ha gente para tudo...
Mário Quintana
As velhotas que nos contam seus achaques também são de grande inspiração poética.
Mas que fazer contra a amabilidade agressiva do chato solicito? Aquele que insiste em pagar nossa passagem, nosso cafezinho, ou quer levar-nos à força para um drinque, ou faz questão fechada de nos emprestar um livro que não temos a mínima vontade de abrir...
Ah! ia-me esquecendo dos proseletistas de todas as religiões. Os proseletistas amadores, que são os piores. Quanto aos sacerdotes que conheço, registre-se em seu louvor que eles sempre nos falam de outras coisas. Ou, me julgam um caso perdido ou um caso garantido... Bem, qualquer que seja o caso, deixam-me em paz.
O que pode acontecer de mais chato no mundo é o chato que se chateia a si mesmo, o autochato.
Para essa extrema contingência, descobri em tempo que a última solução não é o suicídio. É escrever, desabafar para cima do leitor, o qual se me leu até aqui, a culpa é dele.
Ha gente para tudo...
Mário Quintana
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Do que elas dizem
O que elas dizem não tem sentido?
Que importa? Escuta-as um momento.
Como quem ouve, entre encantado e distraído,
A voz das águas... o rumor do vento...
Mario Quintana
Que importa? Escuta-as um momento.
Como quem ouve, entre encantado e distraído,
A voz das águas... o rumor do vento...
Mario Quintana
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Credibilidade nos comerciais
Do fundo do coração, acha mesmo que as coisas ditas 100% naturais são boas para você?
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
Conversão proibida 2
Fazer a conversão em local proibido por sinalização, infração grave, 5 pontos na carteira de habilitação e multa de R$ 127,69.
Sábado pela manhã. Foram apenas quarenta minutos com a máquina apontada para o cruzamento e seis infrações. Felizmente nenhum acidente.
Sábado pela manhã. Foram apenas quarenta minutos com a máquina apontada para o cruzamento e seis infrações. Felizmente nenhum acidente.
O meu RG
Mais de um ano após o roubo criei coragem! Acordei cedo. Fui até a delegacia do Bacacheri, apenas trinta senhas distribuídas por dia. Não preciso dizer que esperei das 7:00 horas até às 9:30 para o início do atendimento. Um bom livro me acompanhou. O procedimento não levou mais de dez minutos e o documento ficou pronto em dois dias.
Cartaz para uma feira do livro
Os verdadeiros analfabetos sãos os que aprenderam a ler e não leem.
Mario Quintana
Mario Quintana
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